Por Carlos Lima
O pâncreas é considerado uma glândula interna (endócrina) e uma glândula externa (exócrina): interna, quando segrega hormonas directamente na corrente sanguínea (glicagina, insulina); e externa, quando segrega hormonas directamente no intestino (suco pancreático).
Situa-se no abdómen, por trás do estômago e próximo do fígado, pois as secreções pancreáticas externas são libertadas no duodeno através do colédoco, que vem da vesícula biliar [1]. É constituído por dois tipos de células: as dos ilhéus pancreáticos ou de Langerhans, que são responsáveis pela secreção hormonal interna; e as dos ácinos, que respondem pela produção de suco pancreático.
A secreção externa, ou suco pancreático, é um líquido incolor, constituído essencialmente por água, sais pancreáticos, bicarbonato de sódio e enzimas. O bicarbonato de sódio dá ao suco pancreático um pH ligeiramente alcalino (entre 7,1 e 8,2) e inibe a acção da pepsina gástrica, ajudando a criar um ambiente propício à actuação das enzimas intestinais. Entre as enzimas que constituem o suco pancreático, encontram-se a amílase, que digere os hidratos de carbono (açúcares); a tripsina, a quimotripsina e a carbopeptídase, que ajudam na digestão das proteínas; a lípase, que é a principal responsável pela digestão dos triglicerídeos; a ribonuclease e a desoxirribonuclease, que são responsáveis pela digestão dos ácidos nucleicos, oriundos dos núcleos das células dos seres vivos que constituem a nossa alimentação.
Na secreção endócrina ou interna, actuam várias hormonas, sendo as mais significativas a glicagina e a insulina. A glicagina regula o aumento da glicose (açúcar) no sangue. Esta regulação é feita por três mecanismos, todos eles relacionados com a acção que exerce sobre o fígado: o primeiro é a aceleração da conversão de glicogénio em glicose; o segundo é a promoção da conversão doutros nutrientes em glicose; e o terceiro é a estimulação da libertação de glicose no sangue. Basicamente, quando o açúcar no sangue cai abaixo dos valores considerados normais (entre 70 e 90 mg/dL em jejum) as células sensoras presentes nos ilhéus estimulam a produção de glicagina; quando o açúcar no sangue está mais alto, não há libertação de glicagina. Quando o aparelho auto-regulador falha, há libertação excessiva de glicagina; logo, o açúcar no sangue sobe, originando a hiperglicemia.
A acção da insulina é oposta à da glicagina, ou seja, ela diminui o nível de açúcar no sangue. Desenvolve a sua acção através de cinco maneiras diferentes: estimula a entrada de glicose na célula, em particular a muscular (fornecimento de alimento à célula); estimula a conversão de glicose em glicogénio e ácidos gordos (gordura), levando o organismo a acumular o excesso de açúcar em reservas de gordura, para posterior utilização, se necessário; aumenta a síntese de proteínas dentro da célula (desenvolvimento muscular); diminui a conversão do glicogénio em glicose no fígado; por fim, diminui a velocidade de formação de glicose a partir do ácido láctico e de certos aminoácidos.
A doença mais comum associada ao pâncreas é a diabetes. Existem dois tipos de diabetes. A diabetes de tipo I caracteriza-se por uma deficiente produção de insulina e exige o fornecimento de insulina externa. Já a diabetes de tipo II é caracterizada pela presença de muita insulina no sangue, mas que não é eficaz na regulação dos açúcares — resistência à insulina. Por consequência, os níveis de glicose no sangue mantêm-se elevados, pois a insulina não consegue enviar a glicose para dentro da célula. Quando ao quadro de diabetes tipo II se associam a tensão arterial alta e níveis sanguíneos elevados de colesterol e de triglicerídeos, podemos falar de síndrome metabólica. Qualquer destes quadros está associado a regras alimentares desequilibradas, pelo que a passagem para regimes alimentares adequados é essencial para os reverter ou manter controlados.
Comes como vives, vives como comes, hoje é dia de ouvires o teu pâncreas…
Saúde!
7 comentários a “O pâncreas”
[…] como função produzir hormonas, conseguem produzi-las, como é o caso do fígado [1], do pâncreas [2], do hipotálamo [3], dos ovários [4], dos testículos [5], do rim [6], do intestino delgado [7], […]
[…] de todos os líquidos corporais: saliva [11], suco gástrico [5], bílis [12], suco pancreático [13], etc. que participam activamente na digestão química dos alimentos. Ao nível da célula [10], […]
[…] de cobalto acarreta problemas na tiróide [9] e leva a acumulação no fígado [10], no pâncreas [11] e no rim [7]. A exposição a altos níveis de cobalto, sob a forma de poeiras ou gás, é […]
[…] Assim sendo, a faringe faz simultaneamente parte do aparelho digestivo [2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10] e do aparelho respiratório [1, 11, […]
[…] pois, durante a digestão, a produção de calor no aparelho digestivo [4, 5, 4, 7, 8, 9, 10, 11, 12] é significativa, devido às inúmeras reacções que aí ocorrem; e o sistema muscular […]
[…] Apesar de todas as diferenças superficiais, existe apenas uma cultura, porque a cultura, tal como o corpo, é um produto da evolução adaptativa humana. A cultura humana é um produto dos nossos genes, tal como as nossas mãos [3] e o pâncreas [4]. […]
[…] do sistema endócrino [9]: influencia a libertação de insulina pelo pâncreas [10] e de glucagon pelo fígado [11]. Com o aumento da adrenalina e da noradrenalina, diminui a […]